Esse
texto foi adaptado de uma história escrita por Emile Pondsson, que teve por
inspiração um poema de Jean de La Fontaine (1621-1695)
Há muito tempo, numa floresta verdejante e
silenciosa, próximo a um riacho de águas cristalinas e espumantes corredeiras,
vivia um pobre lenhador que trabalhava muito para sustentar a família. Todos os
dias, empreendia a árdua caminhada floresta adentro, levando ao ombro seu
afiado machado. Partia sempre e assobiando contente, pois sabia que, enquanto tivesse
saúde e o machado, conseguiria ganhar o suficiente para comprar o pão de que a
família precisava.
Um dia, estava ele cortando um enorme
carvalho perto do rio. As lascas voavam longe e o barulho do machado ecoava
pela floresta com tanta força que parecia haver uma dúzia de lenhadores
trabalhando.
Passado algum tempo, resolveu descansar um
pouco. Recostou o machado na árvore e virou-se para se sentar, mas tropeçou
numa raiz velha e retorcida e esbarrou no machado; antes que pudesse pegá-la, a
ferramenta caiu ribanceira abaixo, indo parar no rio!
O pobre lenhador vasculhou as águas
tentando encontrar o machado, mas aquele trecho era fundo demais. O rio
continuava correndo com a mesma tranquilidade de sempre, ocultando o tesouro
perdido.
-
O que hei de fazer? Perdi o machado! Como vou dar de comer aos meus filhos? –
gritou o lenhador.
Mal acabara de falar, surgiu de dentro do
riacho uma bela mulher. Era a fada do rio que viera até a superfície ao ouvir o
lamento.
-
Por que você está sofrendo tanto? –perguntou em tom todo amável. O lenhador
contou o que acontecera e ela mergulhou em seguida, tornando a aparecer na
superfície segundos depois com um machado de prata.
-
É este o machado que você perdeu?
O lenhador pensou em todas as coisas
lindas que poderia comprar para os filhos com toda aquela prata! Mas o machado
não era o dele, e balançou a cabeça, dizendo: - Meu machado era de aço.
A fada das águas colocou o machado de
prata sobre a barranca do rio e tornou a mergulhar. Voltou logo e mostrou outro
machado ao lenhador:
-
Talvez este machado seja seu, não?
-
Não, não! Esse é de ouro! Vale muito mais do que o meu.
A fada das águas depositou o machado de
ouro sobre a barranca do rio. Mergulhou mais uma vez. Tornou a subir à tona.
Desta vez, trouxe o machado perdido.
-
Esse é o meu! É o meu, sim; sem dúvida!
-
É o seu –disse a fada das águas -, e agora também são seus os outros dois. É um
presente do rio, por você ter dito a verdade.
Á noitinha, o lenhador empreendeu a árdua
caminhada de volta para casa com os três machados às costas, assoviando
contente e pensando em todas as coisas boas que eles iriam trazer para sua
família.
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